sábado, 9 de abril de 2016

[Minissérie] 11.22.63 (2016)


Quando você luta com o passado, o passado revida.

E quando seu diretor favorito produz uma minissérie inspirada num livro de um dos escritores mais aclamados da atualidade? Você só teve contato com uma obra do escritor em questão, mas foi mais que suficiente para te fazer querer ler tudo dele. E a história envolve dois assuntos que muito te interessam. Isso foi o que me impulsionou a ver 11.22.63, minissérie produzida por JJ Abrams baseada no livro Novembro de 63 de Stephen King. Uma história que envolve viagem no tempo e o assassinato de JFK. Meus impulsos não podiam estar mais corretos.

Jake Epping (James Franco) é um professor de inglês em Lisbon, Maine. Ele tem amor pela profissão, mas sua vida pessoal não anda muito bem devido ao divórcio que está prestes a assinar. Sabendo que Jake é um bom homem e do potencial que ele tem, Al (Chris Cooper) resolve mostrar a ele um segredo sobre a despensa de seu restaurante e passar-lhe uma missão. O segredo é que a despensa não é apenas uma despensa, mas um portal para o passado. Direto para 1961. A missão: Impedir que o Presidente Kennedy fosse assassinado em 22 de novembro de 1963.


Para Al, salvar Kennedy era impedir toda uma cadeia de eventos que transformou o mundo no caos que conhecemos. Ele passou os últimos trinta anos de sua vida (desde que descobriu o portal) viajando ao passado para descobrir como fazer isso. Investigando, por exemplo, se Lee Harvey Oswald (interpretado aqui por Daniel Webber) era mesmo o assassino. E como já não pode mais continuar com isso passou a missão para Jake, que de início dúvida mas acaba aceitando. O que ele tinha a perder? E depois de saber tudo o que precisava embarca para cumprir a tarefa.

Isso é basicamente a introdução de algo muito maior. O que podia ser simples (voltar no tempo, descobrir se Lee era realmente culpado, se agiu sozinho e matá-lo antes que matasse Kennedy) ganha outras formas com o desenrolar dos fatos. Talvez (ou principalmente) porque Jake desobedece alguns conselhos básicos de Al, como não se envolver e não interferir em nada além do pretendido. Mas como não se envolver quando você precisa viver três anos em um lugar? Isso eventualmente o levava a interferir em algo, e até acaba se apaixonando. Além do mais, o passado não gosta de ser mudado. O que significou muitos obstáculos para ele.


Tirando essa questão de se é possível ou não mudar o passado e as consequências que isso pode trazer (o que por si só já é bem interessante), tem também o choque cultural que atingiria alguém que de repente tivesse que viver em outra época. Com isso pode-se pensar em um viciado em tecnologia tendo que lidar com a inexistência da internet e dos celulares, mas é bem mais profundo. Como um educador que acredita na liberdade sendo jogado em um tempo onde ainda era imposto o apartheid e a mulher precisava aturar a violência doméstica como se fosse sua obrigação. É difícil ficar indiferente.

Como ainda não li o livro Novembro de 63 (coisa que necessito fazer mais do que nunca) não posso dizer o quanto a minissérie foi fiel. Mas foi uma produção impecável, cativante e surpreendente. Mostrando acima de tudo como pessoas reagiriam em uma situação inimaginável e precisando lidar com todos os acasos que ela impõe. Priorizando acima de tudo o lado humano, a implacável duvida entre ser herói e cuidar dos seus.

11.22.63 teve oito episódios exibidos entre 15 de fevereiro e 4 de abril desse ano pelo serviço americano de streaming Hulu. É forte, impactante e o final superou as expectativas. Recomendo.

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