sábado, 27 de fevereiro de 2016

[Resenha] Perdido em Marte

Nome: Perdido em Marte
Autor: Andy Weir
Edição: 2/2015
Editora: Intrínseca
Páginas: 336

Sinopse: Há seis dias, o astronauta Mark Watney se tornou a décima sétima pessoa a pisar em Marte. E, provavelmente, será a primeira a morrer no planeta vermelho.

Depois de uma forte tempestade de areia, a missão Ares 3 é abortada e a tripulação vai embora, certa de que Mark morreu em um terrível acidente.

Ao despertar, ele se vê completamente sozinho, ferido e sem ter como avisar às pessoas na Terra que está vivo. E, mesmo que conseguisse se comunicar, seus mantimentos terminariam anos antes da chegada de um possível resgate.

Ainda assim, Mark não está disposto a desistir. Munido de nada além de curiosidade e de suas habilidades de engenheiro e botânico – e um senso de humor inabalável –, ele embarca numa luta obstinada pela sobrevivência.

Para isso, será o primeiro homem a plantar batatas em Marte e, usando uma genial mistura de cálculos e fita adesiva, vai elaborar um plano para entrar em contato com a Nasa e, quem sabe, sair vivo de lá.

Com um forte embasamento científico real e moderno, Perdido em Marte é um suspense memorável e divertido, impulsionado por uma trama que não para de surpreender o leitor.

Comentários:

Como sou apaixonada por ficção científica a premissa de Perdido em Marte me conquistou de primeira. E como nos últimos anos muito tem se falado dos esforços reais para colonizar o planeta vermelho a hipótese levantada pela trama não soa tão ficcional, o que aumentou minha curiosidade. Como de costume levei mais tempo para conferir do que gostaria, talvez só não demorou mais porque o ganhei numa promoção do blog Universo Literário. E valeu muito a pena.

Depois de seis dias em Marte, Mark Watney acorda sozinho e ferido no desértico e inóspito terreno do planeta. Ele é integrante da Ares 3, uma equipe que precisou abortar a missão quando formou-se uma tempestade de areia mais forte do que o Hab (instalação onde os astronautas viveriam) foi projetado para suportar. Durante o trajeto até o veículo espacial, Mark foi atingido por uma antena e arrastado pelo vento, tirando-o totalmente do alcance da equipe. Procuraram por ele o máximo que puderam, até perder qualquer esperança de encontrá-lo vivo. Mas ele sobreviveu, e precisa encontrar meios de se manter vivo até achar um modo de voltar à Terra, ou pelo menos fazer um último contato.

Se precisasse escolher duas palavras para definir Perdido em Marte estas certamente seriam eletrizante e angustiante. Primeiro é incrível como uma história que em sua maioria é vivida por um personagem solitário, sem nenhum meio de interação com outros seres humanos e cuja atividade mais importante é se manter vivo consegue ser ágil e instigante. E outra que a cada acontecimento inesperado que ameaça completamente qualquer possibilidade de Mark sair vivo de lá é extramente aflitivo. Porque no fundo você só quer que ele seja salvo.

A trama e o personagens são extremamente verossímeis e cativantes. O humor peculiar do protagonista e de algumas situações certamente ajudam no envolvimento, não nego que dei boas risadas em momentos que certamente aliviaram a tensão dos acontecimentos. As explicações e descrições são feitas de maneira bastante verídica mas não muito técnica, o que mostra que o autor Andy Weir fez pesquisas bem detalhadas (tanto sobre missões da NASA, o ambiente de Marte, botânica e outras assuntos abordados) para tornar sua história crível, mas se preocupou em mantê-la acessível. Um bom exemplo é que sempre fui uma negação em Astronomia, mas não tive grandes dificuldades em compreender menções feitas à posição de Astros e constelações.

A história é em sua grande parte contada de forma epistolar, através do diário de bordo de Mark e algumas mensagens. Mas também existem trechos narrados em terceira pessoa mostrando os esforços da NASA desde que descobrem que Mark sobreviveu à tempestade e como está o restante da equipe da Ares 3. Penso que Weir não poderia ter escolhido um formato melhor para seu livro de estreia, pois permite que o leitor acompanhe o desenvolvimento de todos os núcleos da maneira mais adequada para cada um. Mas confesso que apesar de ter gostado de tudo tenho predileção pelas partes de Mark, não só porque é incrível acompanhar cada experimento de sua luta pela sobrevivência mas pela forma peculiar de relatar seu infortúnio. Os capítulos são medianos e contam com subdivisões, o que contribui para a agilidade da leitura.

Gosto de pensar que uma boa ficção científica deve provocar reflexão, sobre nós e o mundo em que vivemos. E Perdido em Marte faz isso de forma brilhante, pois é fácil se imaginar em situação semelhante. Digo, as probabilidades de Mark não são boas, na verdade são péssimas. Não importa quão bom seja o humor de uma pessoa é natural que diante da possibilidade iminente de definhar até a morte se escolha acabar com tudo de uma vez. E Mark até cogita isso. Mas aí vem o instinto mais forte de qualquer animal: sobreviver acima de tudo. Outra questão é de porque tanto esforço e gastos para salvar um único homem cujo tudo indica estar condenado quando menos precisaria ser feito por muitas pessoas necessitadas nesse planeta mesmo? É aquela mesma coisa que pode nos fazer entrar em um incêndio para salvar alguém sem pensar se conseguirá, o sentimento de que ninguém deve ficar para trás.

Perdido em Marte foi originalmente publicado em 2011 e em 2015 ganhou uma adaptação para o cinema estrelada por Matt Damon. O filme foi sucesso de bilheteria e recebeu sete indicações ao Oscar (cujo os premiados serão revelados amanhã), incluindo Melhor Filme e Melhor Ator. Ainda não conferi, mas tudo indica que seja pelo menos tão bom quanto o livro.

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