segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

[Vale Ver #10] Vikings


Épica e bárbara.

Sabe quando você está procurando os episódios da semana das séries que assiste e o nome de uma série nova chama a atenção? Aí você lê a sinopse e pensa “vou ver no que dá”? Essa é a minha história com Vikings, descobri a série totalmente por acaso em 2013 e como na época estava começando a despertar em mim uma curiosidade sobre o povo viking resolvi arriscar. Foi o típico tiro no escuro que deu certo.

A produção se baseia na vida e conquistas de Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel), um fazendeiro que se tornou um dos mais conhecidos heróis nórdicos por fazer incursões pela Europa. Saqueando, explorando e negociando. Junto a ele em seus feitos está seu irmão Rollo (Clive Standen), com quem tem uma relação bastante complicada. Bem como seu amigo Floki (Gustaf Skarsgård), o visionário construtor de barcos que também nunca perde uma batalha. E não esqueçamos de Lagertha (Katheryn Winnick), sua valente primeira esposa e escudeira que está sempre pronta pro que der e vier.



Existem ainda muitos personagens relevantes como Bjorn (Nathan O'Toole, Alexander Ludwig), filho de Ragnar e Lagertha que vemos crescer durante a série. Todos eles tão épicos e cativantes quanto a própria trama. Isso é uma das coisas que mais gosto na série, além das expedições e batalhas é mostrado o que estava por traz dos feitos desses grandes guerreiros. O povo viking que por muitas vezes é chamado de “bárbaro” e tido como um dos vilões da história mundial é representado aqui por uma visão mais humana. Pessoas como cada um de nós, sujeitas a erros e acertos e fazendo o necessário para sobreviver. E quando vemos em paralelo os feitos dos outros reinos com quem guerrearam fica mais notável que o rótulo “vilão” não pode ser dado a uma civilização inteira.

É válido dizer que Vikings se trata de uma obra de ficção inspirada em relatos históricos, que por sua vez não são lá muito precisos devido a época em que foram feitos. O próprio showrunner Michael Hirst comentou que precisou tomar algumas liberdades porque “ninguém sabe ao certo o que aconteceu na Idade das Trevas”. De todo modo é uma produção impecável e empolgante, e que transmite as realidades do povo nórdico de forma bastante satisfatória. Essa realidade está presente tanto nas cenas de batalha quanto no cotidiano, e é muito fácil se transportar para lá.

Por ser uma série que foca muito em seus personagens é extremamente fácil se apegar a eles, e brigar com eles também. Reforçando, são tratados por uma perspectiva bastante humana e humanos estão sujeitos a muitos erros. Ragnar mesmo tem vezes que dá vontade de esganar pela forma como sempre magoa aqueles ao seu redor. Rollo, Floki, Siggy (Jessalyn Gilsig) e outros são do tipo que como diria Raul Seixas “se hoje lhe odeio amanhã lhe tenho amor”, e vice-versa. Já Lagertha e Bjorn são aqueles por quem você mais se dói e torce sempre. Mas acima de tudo, ter essa perspectiva nos faz refletir se caso fossemos submetido as mesmas circunstâncias não faríamos o mesmo. E a resposta é sim, pois você precisa lutar pela sobrevivência do seu povo.



Me parece válido mencionar que Vikings conta com passagens de tempo, a maior delas marcada por um salto de cerca de sete anos. Sendo que mesmo com poucos episódios muita coisa já aconteceu. Mas acontecem quando necessário, isso contribui para que a trama não se torne arrastada e ao mesmo tempo mantém o desenvolvimento e amadurecimento dos personagens de forma natural. Desse modo também os relacionamentos (tanto entre os personagens quanto do telespectador para com eles) evoluem e mudam de forma orgânica. Você sente raiva, empatia, mais raiva, compreensão e por aí vai.

Outra questão muito bem abordada é a divergência religiosa e de costumes entre nórdicos e cristãos. As diversas discussões a respeito dos vários deuses vikings contra um único Deus onipresente nos faz refletir sobre todas as ditas “guerras santas” que foram e são travadas até hoje. Em dado momento da 3ª temporada um personagem questiona “por que nossos deuses não podem ser amigos?”. Certamente é algo que todos deveriam questionar. Quanto aos costumes, o mais notável é que os vikings possuíam uma visão mais ampla de igualdade entre homens e mulheres que os cristãos. O que gera ainda mais embates.



Vikings é uma série irlando-canadense produzida pelo History Channel que teve sua estreia no dia 3 de março de 2013. Possui até agora 29 episódios divididos em três temporadas, e a 4ª temporada está programada para começar em 18 de fevereiro de 2016 e ao que parece terá vinte episódios. O início pode soar um pouco morno, mas isso se deve a função inicial de apresentação e não demora a engrenar. A ambientação é maravilhosa e muitos momentos são de qualidade cinematográfica.

Concluo dizendo que Vikings é ideal para aqueles que adoram História e uma boa trama. (Embora não muito aconselhável para quem tem estômago frágil.) É uma série incrível e surpreendente que certamente vai te conquistar como os vikings conquistaram muitas coisas.

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