domingo, 10 de janeiro de 2016

O fim de Da Vinci's Demons


Porque existem aqueles que fazem a diferença.

Com apenas três temporadas e 28 episódios exibidos chegou ao fim uma série tão fantástica quanto o homem que lhe deu nome. Da Vinci's Demons conseguiu a proeza de ser uma brilhante ficção histórica que trouxe como herói ninguém menos que o artista, inventor, gênio, Leonardo da Vinci sem parecer forçação de barra. Sem dúvida alguma uma trama digna do Maestro.

Lá no início, em 2013, não imaginei que uma série que comecei a ver simplesmente por ser a respeito de Leonardo da Vinci se tornaria uma das minhas favoritas. Certo, fiquei bem empolgada com a série desde o início e gostei tanto de vê-lo na versão “herói de ação” que logo após a 1ª temporada cheguei a fazer postagem compilando sua descendência segundo o universo da TV. A 2ª temporada foi meio preguiçosa, mas ainda era Da Vinci's Demons. E embora seja uma série que não apareceu muito por aqui e nem que eu comente muito por outros meios é uma das que mais me deixava ansiosa pelos novos episódios. Doeu descobrir que a 3ª temporada seria a última, bem como todos os adiamentos de sua exibição. Mas sabia que não deixariam a desejar.

Um dos fatores mais brilhantes da série foi “tirar do papel” aquelas invenções que o próprio da Vinci nunca teve coragem para tal por serem terríveis demais. O homem que criava também era capaz de destruir. E o que dizer daqueles maravilhosos insights que consistiam em animações de seus esboços originais que sempre foram um verdadeiro presente para os olhos? Magnífico! Tudo isso contribuiu para que Da Vinci's Demons tivesse um certo tom de steampunk, o que caiu muito bem já que de qualquer forma ele sempre foi um homem a frente de seu tempo. Todavia, a temporada final usou e abusou desses quesitos na luta contra os Otomanos e os Filhos de Mithras, resultando em algo nada menos que maravilhoso.

A série sempre abordou as questões de féXciência de uma forma que se enquadrava nos conhecimentos e costumes da era renascentista e ao mesmo tempo remete ao nosso tempo contemporâneo. Essa dualidade por muitas vezes rendeu um certo toque de ficção científica, e o que dizer do episódio onde Leonardo se viu em uma realidade alternativa onde se viu feliz ao lado de Lucrezia e com filho embora o mundo estivesse um caos? Sensacional. Há muitos outros momentos que infelizmente não tenho como enumerar, mas não esqueçamos o brilhante momento em que Leonardo e sua irmã Sophia criaram a arma elétrica. Impressionante.

Tão notável quanto ver a remontagem da história foi a reconstrução de sua família. A mãe que Leonardo nunca conheceu, um breve momento de entendimento com seu pai e a possibilidade de uma irmã por parte de mãe. A verdade é que a série teve muita liberdade nesse quesito, pois a não ser por seu pai Piero da Vinci a história carece de informações sobre sua família. Tudo foi tão minunciosamente planejado que só ficava a sensação de que seria possível, de que era real.


Toda a trama tinha essa magia de soar real não importando o quanto fatores da verdadeira história fossem alterados. Em grande parte isso se deve ao magnífico elenco que se entregou de corpo e alma nesse trabalho. Eles não interpretaram, eles foram essas pessoas. Tom Riley encarnou como ninguém o jovem Leonardo com todas as suas angústias e dilemas entre o poder de criar e destruir. Laura Haddock foi a perfeita Lucrezia, odiada e amada, capaz de tudo até o momento de sua rendição. Elliot Cowan fez de Lorenzo um homem forte em suas fraquezas, totalmente mudado pelo seu período como refém dos Otomanos. Lara Pulver fez uma digna Clarice até o fim repentino de sua personagem. Hera Hilmar marcou muito bem o crescimento de Vanessa, da jovem amante da liberdade à mãe de Giulio e de Florença. Bem como Eros Vlahos fez a perfeita transição do jovem e inocente Nico ao astuto Nicolau Maquiavel. Gregg Chillin foi o Zo amigo e companheiro de Leonardo para todas as horas. E como toda boa história precisa de um grande vilão, James Faulkner fez um Papa Sixtus detestável que contrastava diretamente com seu gêmeo Alessandro. E por último mas não menos importante, Blake Ritson fez com que Riario apesar de ter se tornado compreensível continuasse temido até o fim.

Ainda teria muito a se dizer, e certamente muito mais a se mostrar. Essa série que foi exibida oficialmente de 12 de abril de 2013 a 26 de dezembro de 2015 pelo Starz provavelmente ainda poderia render muito com todas as suas conspirações. Mas tudo tem que chegar ao fim, e o que foi mostrado agradou. No entanto, os produtores comentaram a possibilidade de daqui a alguns anos fazer uma 4ª temporada de Da Vinci's Demons. Isso não seria má ideia, já que Leonardo deixou claro ao citar Verrocchio que não vai simplesmente aceitar que tudo acabou e ficar parado.

Pessoas que realizam, raramente se recostam e deixam as coisas acontecerem para elas. Elas saem e fazem as coisas acontecerem.”

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