sábado, 26 de dezembro de 2015

[Resenha] Um Cântico de Natal

Nome: Um Cântico de Natal
Autor: Charles Dickens
Edição: 1/2010
Editora: Landmark
Páginas: 144

Sinopse: Um Cântico de Natal (A Christmas Carol) tem como protagonista Ebenezer Scrooge, um pão-duro, proprietário de uma casa de contabilidade e empregador do pobre Bob Cratchit, seu escriturário. Scrooge evita fazer quaisquer gastos, tanto que no inverno, à época do Natal, o escritório é aquecido apenas por uma pequena lareira. Para Scrooge, isso não é um problema, uma vez que a sua frieza interior é constante, e o conforto de outras pessoas para ele não é importante.

Na véspera de Natal, Scrooge, sozinho e renegando qualquer companhia, recebe a visita do espírito de seu sócio, Jacob Marley, que lhe confidencia que um destino igual ao dele estará reservado a Scrooge se o mesmo não se redimir de seu comportamento. Para tal, três fantasmas virão lhe visitar e trarão a oportunidade para que ele reflita sobre sua condição e através da mudança de hábitos limpar sua consciência.

Comentários:

Muitos motivos me levavam a querer ler Um Cântico de Natal (mais conhecido como Um Conto de Natal), dentre eles o fato de que sempre quis ler os clássicos de Charles Dickens e de que é uma das minhas histórias de Natal favoritas. E depois de tantos anos conhecendo a obra através de adaptações e releituras vi que já estava mais do que na hora de conferi-la pelas palavras de seu próprio autor.

Ebenezer Scrooge é um velho rico, pão-duro e rabugento que odeia o Natal. Não vê motivos para tanta celebração, considera coisa de embusteiros e que o feriado só serve para lhe trazer prejuízos. Apenas seu sobrinho Fred consegue ter esperança de fazê-lo aproveitar as festas, e apenas seu escriturário Bob Cratchit consegue ser paciente. E é bom que ninguém venha pedir doações por qualquer que seja a causa. Até que em uma véspera de Natal Scrooge recebe a visita do fantasma de seu sócio Jacob Marley, um homem que em vida foi tão ranzinza quanto ele e que foi condenado a carregar o peso de sua amargura pela eternidade. Marley veio avisar que o mesmo destino aguarda por Scrooge, mas ele tem a chance de mudar isso. E três espíritos lhe vistarão e mostrarão como.

Essa é uma daquelas histórias que nos toca a cada vez que é contada. Não importa se você conhece o que vai acontecer e como tudo acaba, mas como as coisas acontecem. Somando a isso a narrativa poética de Dickens, que além de eloquente e reflexiva é encantadora, é impossível não se ver totalmente imerso na trama. Seja com a nostalgia trazida pelo Fantasma dos Natais Passado, a empatia esbanjada pelo Fantasma do Natal Presente, o terror das possibilidades que o Fantasma dos Natais Futuros apresenta ou a doçura do pequeno Tim, todos temos algo a aprender nessa jornada que fazemos junto de Scrooge.

A crítica social é uma das principais marcas das obras de Dickens, e que se faz presente mesmo nessa história de Natal. Ou talvez principalmente por ser uma história de Natal. Tanto por mostrar que não são fortunas gastas com presentes e festas que fazem uma boa celebração quanto por mostrar a visão menospreziva de alguns sobre os menos afortunados. E agora que conheci alguns detalhes da trama que não estão nas adaptações que vi entendi melhor o grande significado por trás dessa história e a aprecio ainda mais. Não é a toa que este “livrinho de Natal” como Dickens chamava e que foi escrito para pagar algumas dívidas lá em 1843 ganhou tanta importância na literatura mundial, tamanha é sua grandeza de significados.

Um Cântico de Natal se tornou tão importante culturalmente que além das várias adaptações que levaram sua trama de forma integral para teatro, cinema e TV foi inspiração e referência por diversas vezes na cultura pop. Talvez a mais famosa seja o Tio Patinhas, cujo nome original é Scrooge e que sua primeira aparição foi em uma HQ de Natal do Pato Donald. Sendo que em 1983 a Disney fez um curta de animação com seus personagens remontando a história, tendo Tio Patinhas como Scrooge (obviamente) e Mickey como Bob Cratchit. Depois também foram feitas versão com personagens dos Muppets e Looney Tunes. Provando como a história é abrangente, serviu como base da graphic novel Batman: Noel e um filme da Barbie que trás uma versão feminina do conto. E por aí vai. Dentre as adaptações propriamente ditas talvez as que mais se destacam sejam o filme de 1938 estrelado por Reginald Owen, um curta de animação para TV de 1971 e uma animação em 3D de 2009 estrelada por Jim Carrey que no Brasil ganhou o título Os Fantasmas de Scrooge.

Das edições encontradas atualmente em nosso país escolhi essa da Landmark um pouco pela capa que traz esse tom clássico, mas principalmente por ser bilíngue. Sendo assim, até a página 88 contamos com a versão em português e depois disso podemos conferi-la em seu idioma original. Coisa que pretendo fazer um dia. Porém, apesar de ser uma edição muito bonita e bem trabalhada encontrei uma quantia considerável de erros de revisão. Não que tenha atrapalhado a leitura, mas foi algo que faltou em um trabalho tão caprichado.

Essa é uma daquelas histórias que ficam mais tempo com você do que você com ela. É possível ler Um Cântico de Natal de uma só vez, mas ele permanecerá em sua mente por muito e muito tempo. A exemplo dos fantasmas que passaram uma única noite com Scrooge, mas o que lhe mostraram ficou com ele e o mudou. Pois assim somos nós, e mesmo que já tenha passado o Natal sempre há tempo de ver o que fazemos de errado e mudar.

Que Deus abençoe a todos!

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