terça-feira, 8 de dezembro de 2015

[Resenha] Queria Ver Você Feliz

Nome: Queria Ver Você Feliz
Autora: Adriana Falcão
Edição: 1/2014
Editora: Intrínseca
Páginas: 160

Sinopse: Há quem o chame de Eros, Kama, Philea ou Ahava. O Amor, esse personagem mítico, desempenha o papel de narrador na história real do casal Caio e Maria Augusta, pais da autora Adriana Falcão. O Amor se descreve como perfeccionista e obcecado pelos detalhes, nada que o impeça de ser um bocado descuidado com as consequências dos sentimentos que provoca com suas flechas.
Assim, com uma linguagem poética e ao mesmo tempo muito bem-humorada, Adriana revela para seus leitores aquilo que poderia ser descrito como uma história trágica protagonizada por dois personagens atormentados por seus demônios. Apaixonados, Caio e Maria Augusta se casam no Rio de Janeiro da década de 1950 e têm três filhas. Todo o sentimento que eles compartilham não impede que a personalidade exuberante de Maria Augusta se torne mais obsessiva e asfixiante com o passar do tempo, apesar dos medicamentos e dos tratamentos psiquiátricos. Caio, por sua vez, aprofunda uma melancolia que existia nele desde a adolescência, e que culmina nos anos 1970 em tentativas de suicídio.
Mais do que uma história com um final dramático, trata-se de memórias afetivas que alternam momentos de intensa felicidade e outros tantos de dor, como acontece nas melhores famílias.

Comentários:

Quando Queria Ver Você Feliz foi lançado me pareceu um livro interessante mas não algo que acrescentaria à minha lista de imediato. Só depois de ler algumas resenhas e principalmente ver o vídeo do projeto Leitura Compartilhada – uma parceria dos blogs Universo Literário, Relicário e De Frente com os Livros - que realmente fiquei curiosa para conferir essa história real abordada de forma um tanto incomum. Ganhei-o em meu último aniversário e agora estou aqui pra falar sobre ele.

Como já mencionado, o livro traz uma história real. E também uma história de amor. Maria Augusta e Caio se conheceram ainda adolescentes – ela com 14 anos e ele com 15 – no Rio de Janeiro em 1947. Período em que a II Guerra Mundial era um acontecimento recente que rodeava e perturbava a mente de todos, com isso não se viam muitos motivos para sorrir. Mas um chamou a atenção do outro, começaram a trocar bilhetes, se encontrar depois da escola e por aí foi. O amor ainda existia afinal.

E assim a vida aconteceu. Tiveram seus altos e baixos, muitos mais baixos do que altos na verdade. O ciúmes de Caio batia de frente com as birras de Maria Augusta. Por vezes passaram períodos separados, nos primeiros anos quando a mãe dela – que inicialmente não aprovava o namoro – a mandava para o Rio Grande do Sul para que passasse as férias de verão com a família. Depois quando ele precisou viajar pelo país afim de aprender todo o funcionamento da empresa do pai, onde iria trabalhar. E o momento mais difícil veio quando já estavam casados e com duas filhas, Patrícia e Rosina, em que Maria Augusta precisou ser internada num senatório. Mas nada foi capaz de separá-los emocionalmente.

Por ser uma história real, porém não exatamente de pessoas que mudaram o curso da humanidade, o que a marca não são grandes acontecimentos e reviravoltas. E sim a simples constatação de como pessoas comuns lidam com as adversidades da vida, como seus sentimentos e emoções os fazem seguir em frente ou não. Contudo, o que torna Queria Ver Você Feliz um livro peculiar é o seu formato. Deixando que Maria Augusta e Caio contassem sua própria história através dos bilhetes, cartas e telegramas que trocaram durante toda a vida. Além de algumas fotos. E para juntar tudo isso Adriana escolheu um narrador incomum e que é menos ouvido do que deveria: o amor.

Ao contrário do que muitos possam imaginar – inclusive eu em um primeiro momento – isso não deu a obra um ar “meloso”. De forma alguma. O amor se torna um narrador singular por sua capacidade de mesclar seriedade e humor. Também por suas vaidades, caprichos e defesas. Até reclama da mania que pessoas tem de o culparem pelo ciúmes e até por guerras, sendo que o que as pessoas fazem é escolha puramente delas. É o amor que faz o livro especial.

Eu tenho mania de grandeza. Tenho sim. E só gosto de sentimento nobre. E pronto.Pág. 89

A escritora e roteirista Adriana Falcão é a filha mais nova de Maria Augusta e Caio, e teve a ideia de escrever o livro quando encontrou uma caixa florida contendo as cartas dos pais. Achei interessante que apesar de ser filha do casal, e por contar a história de amor deles, Adriana conseguiu se ater aos acontecimentos e não tomar partidos. A necessidade de atenção dela e os ciúmes dele, bem como as ansiedades e carinhos de ambas as partes são tratadas de forma igual. Embora muitas vezes fique a sensação de que o título se encaixe melhor com Caio, que claramente só queria ver a mulher feliz.

Queria Ver Você Feliz não é um livro que faça o leitor ficar vidrado nas páginas, tampouco o permite ficar indiferente. É uma leitura rápida sobre a vida, as pessoas e os sentimentos. E que propõe outra perspectiva sobre eles.

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