terça-feira, 3 de novembro de 2015

[Mega Resenha] Maze Runner


Correr, lutar, sobreviver.

Vou confessar que só tomei conhecimento sobre a existência da saga de James Dashner ano passado, com o lançamento da adaptação do primeiro livro para o cinema. Ao pesquisar um pouco mais, me interessei pela proposta e fiquei curiosa por causa da aura de mistério que parecia envolver a trama. Mesmo com o receio de estar embarcando em uma modinha (quem nunca?), comprei o box e fui nessa. O fato é que gostaria de ter descoberto essa história antes.

Imagine que você acordou em um elevador, que mais parece uma caixa de metal, sem nenhuma memória além do seu próprio nome. E quando a caixa se abre, dá de cara com dezenas de garotos na mesma situação. É assim que começa a história de Thomas, nosso protagonista. Assim que é retirado da Caixa, a situação apresentada não é muito melhor. Todos os garotos chegaram ali da mesma forma, e ninguém faz a mínima ideia de por quê foram mandados para esse lugar ou quem fez isso com eles. Só sabem que apesar dos mantimentos que chegam com regularidade precisaram formar sua própria sociedade para sobreviver. Que todas as manhãs quatro portais de pedra se abrem para um labirinto que parece não ter saída, embora todos os dias um grupo chamado de Corredores saia para tentar desvendá-lo. E que todo mês chega um novo garoto. Exceto que um dia depois da chegada de Thomas chega uma garota chamada Teresa, e tudo começa a mudar.

Esse é só o início do primeiro livro, e praticamente tudo que posso dizer do enredo sem dar grandes spoilers. O incrível é como Dashner pegou uma ideia que pode soar um pouco estranha e sem propósito, mas que ao se desenrolar se mostra ampla e cheia de nuances. E ainda inseri-la como um experimento científico em um futuro distópico onde o mundo que conhecemos foi destruído por uma explosão solar e a humanidade está ameaçada por um vírus fatal. É uma daquelas histórias em que o segredo está na habilidade do autor. A construção dos personagens, a narrativa, a linguagem própria, as situações e reviravoltas... Tudo se amarra de um jeito que você só quer ler sem parar e fica se perguntando “que plong* tá acontecendo aqui?”.

Não posso fazer uma análise de cada livro pois como mencionei anteriormente, não há muito o que eu possa dizer sem dar spoilers. Mas devo observar que se trata de uma trilogia com um prequel e um livro extra. Desse modo temos Correr ou Morrer, Prova de Fogo e Cura Mortal contando o percurso desses jovens em um experimento científico que chega a ser sádico de tão cruel. Em Ordem de Extermínio vemos acontecimentos de 13 anos antes, quando houve a explosão solar e conhecemos a verdade sobre o vírus que transformou o mundo em um grande caos. Já Arquivos é um extra curto e de leitura rápida que contém memorandos e arquivos secretos e transcrições de alguns testes. Esse último considerei explicativo mas não exatamente essencial.

Embora a trama seja rica e cheia de elementos que podem gerar horas de discussão, os personagens são o grande atrativo. São jovens que passaram por situações extremas, incrivelmente inteligentes e muito cativantes. Bom, pelo menos boa parte deles. O fato de não terem memória alguma de suas famílias ou até de si mesmos, terem seus estados físico, mental e emocional constantemente levados ao limite e serem enganados o tempo todo, faz com que o leitor crie uma conexão com eles. Me vi em um jogo de “não cai nessa” e “não acredito que fizeram isso com ele” sem fim. Entretanto, o mais marcante é interação entre eles, principalmente a amizade entre Thomas, Newt e Minho.

O que mais gostei na trama foi o fato de que apesar de ser algo que respira ação, existem simbologias e reflexões por todos os lados. É raro poder ver as duas coisas juntas. Todavia, digo isso pois, porque apesar das constantes lutas de vida ou morte (no sentido mais literal da expressão), existem diversos momentos que questionam o conceito de humanidade e sociedade. A sobrevivência é colocada de tal forma que os dilemas nem são uma questão de certo e errado, mas de pior e menos pior. E mesmo que os jovens tenham que tomar uma atitude extrema, você torce por eles, pois, o que sofreram foi muito pior. Só não espere por finais felizes, esse não é o caso aqui.

A narrativa é sempre feita em terceira pessoa, sendo que nos três primeiros livros acompanhamos a perspectiva de Thomas. Já no quarto livro temos um primeiro capítulo sobre a perspectiva de Teresa um dia antes de entrar no labirinto, e então vamos para o passado ver a degradação do mundo através de um jovem chamado Mark. É uma narrativa fantástica baseada em fatos e reações, o realismo destes aliado ao mistério que permeia as páginas provoca uma leitura frenética e eletrizante. O leitor está sempre na mesma situação que os personagens, nunca com informações a mais. Exceto no epílogo de cada livro, onde vemos memorandos da chanceler. Achei uma grande sacada.

Sobre a edição, como mencionei lá no início comprei o box lançado pela Vergara & Ribas no final do ano passado. A arte do box é muito bonita, com imagens do filme e ainda vem com um pôster de brinde. Com isso, foi grande a minha surpresa ao constatar que os livros são de edição econômica. Tudo bem que mesmo assim tem um material de boa qualidade, com folhas amareladas e fonte confortável. Mas o box é justíssimo, o que torna a tarefa de tirar e colocar os livros bem difícil e como as capas não tem abas é preciso um cuidado extremo para não surgirem orelhas. Só por isso já recomendo adquirir os volumes individualmente. Outra que em outubro do ano passado Dashner divulgou que em 2016 será lançado um novo prequel intitulado The Code Fever (O Código da Febre em tradução literal) que mostrará a criação do labirinto e como os jovens foram parar lá. Então se você é do tipo perfeccionista com sua coleção de livros (assim como eu) não vai gostar ideia de ter um volume fora do box.

Concluindo, Maze Runner é uma série cheia de ação e emoção e que ainda nos faz pensar na humanidade como um todo. Onde fica o bem quando o dito bem maior exige uma quantidade incontável de atos repugnantes? Perguntas como essa me acompanharam do início ao fim, e continuaram comigo após a leitura. Em setembro desse ano já foi lançada a adaptação do segundo livro, e espero conseguir ver os filmes logo. Enfim, mais que recomendo.


*Plong é um termo usado nos livros.

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