domingo, 23 de agosto de 2015

[Resenha] Inocência?

Nome: Inocência?
Série: O Protetorado da Sombrinha – Livro #3
Autora: Gail Carriger
Edição: 1/2015
Editora: Valentina
Páginas: 302

Sinopse: Alexia Tarabotti enfrenta uma série de atribulações sociais, quiproquós e saias justas (embora compridíssimas) em plena sociedade vitoriana. Ao abandonar a residência do marido e se mudar de volta para o lar de sua terrível família, Lady Maccon se tornou o escândalo da temporada em Londres. Além disso, a Rainha Vitória dispensa Alexia do Conselho Paralelo, e a única pessoa capaz de ajudar a esclarecer os fatos, Lorde Akeldama, inesperadamente deixa a cidade. Como se não bastasse, Alexia é atacada por joaninhas mecânicas assassinas, indicando – como apenas joaninhas são capazes de fazê-lo – o fato de que todos os vampiros londrinos estão muito interessados em vê-la rigorosamente morta. Enquanto Lorde Maccon concentra seus esforços em ficar cada vez mais ébrio e o Professor Lyall se desdobra para que a Alcateia de Woolsey se mantenha coesa, Alexia deixa a Inglaterra em direção à Itália em busca dos misteriosos Templários. Somente eles têm o conhecimento sobre os seres preternaturais que Alexia precisa para entender sua crescente e inconveniente condição, mas eles podem ser piores que os vampiros – e estão armados com molho pesto. A série de STEAMPUNK mais cultuada do mundo! Best-seller do New York Times e finalista do Goodreads Choice Award na categoria Paranormal Fantasy.

Comentários:

Quando se está na dúvida sobre o que ler, principalmente porque não sabe o que quer em determinado momento, o melhor pode ser escolher a sequência de uma série que acompanha. Você já conhece os personagens, o ambiente, a história e a linha narrativa do autor. E se o volume anterior acabou com uma revelação - na falta de um termo melhor – bombástica, então não há motivos para não fazê-lo. Todavia, nem sempre o resultado é o esperado.

Alerta de SPOILER: O próximo parágrafo contém informações dos livros anteriores, o resto é SPOILER FREE.

As coisas não vão bem para Alexia. Já não bastasse ter que voltar a viver com a mãe e as fúteis irmãs após ser expulsa por Conall, as mesmas a botam na rua quando a notícia de sua gravidez e os rumores de indiscrição vão parar no jornal. Caso contrário, quais seriam as chances de Felicity e Evylyn acharem um bom partido? Ah sim, e a Rainha Vitória retirou seu cargo de Muhjah da Coroa. Seu melhor amigo Lorde Akeldama, único que poderia ajudá-la, desapareceu. E as joaninhas mecânicas assassinas são a prova de que os vampiros não só acreditam que Alexia diz a verdade sobre a paternidade de seu filho como sabem - e temem – o que irá nascer. Só resta uma opção para nossa heroína: ir à Itália, terra de seu pai, procurar respostas sobre sua gravidez e esfregá-las na cara de todos. Principalmente de seu marido Conall. Para isso contará com a ajuda de seu fiel mordomo Floot e sua mais nova amiga Genevieve.

Acompanhar as aventuras de Alexia – que precisou trocar a nomenclatura Lady Maccon por La Diva Tarabotti - na Itália foi instigante. Vê-la lidar com um cientista louco que a tratava como espécime e um exército de Templários que a tomam por “Filha do Diabo” foi um tanto quanto intrigante. E as lutas do Professor Lyall para descobrir o que aconteceu com Lorde Akeldama e tentar fazer Conall ficar sóbrio não ficam atrás. Mesmo assim, me pareceu que Inocência? ficou um pouco aquém do que poderia ter sido.

Pode ser que o problema seja comigo, que eu não estivesse no momento certo para a leitura como achei que estava. Mas na verdade o que me incomodou foram os exageros narrativos. Linguagem rebuscada e descritiva demais, frases longas demais, parágrafos longos demais e até capítulos longos demais. Lembro de na resenha de Alma? ter elogiado o equilíbrio que Carriger construíra para sua trama como um todo, mas aqui ela errou a mão. Em questão de conteúdo não há do que reclamar, a autora continua criando arcos e dando respostas surpreendentes. Porém, me pareceu que ela se deixou levar um pouco demais pelo clima vitoriano de sua obra e exagerou um pouco ao tentar fazê-la soar como um clássico daquela época.

Não levem a mal, tanto em Alma? quanto em Metamorfose? achei que essa pitada rebuscada casou muito bem com o humor ácido da trama. O problema foi com esse volume, em que tudo ficou “um pouco demais”. Afetando até as cenas de ação. Digo, em uma cena de ação (seja uma perseguição, fuga ou resgate) a linguagem precisa ser simples e tão ágil quanto os fatos para o melhor acompanhamento destes. Mas em meio a tantos detalhes sobre cores, aromas, trocentos objetos que voavam e se perdiam e dezenas de pensamentos indignados me vi relendo alguns trechos para tentar entender o que de fato estava acontecendo.

Outra coisa que me irritou foi o final. Não por ser ruim, foi muito bom, mas por parecer um tanto atropelado. Na verdade faltou um pouco de regularidade no ritmo da trama. Tive a impressão que na primeira metade poucas coisas marcantes aconteceram, na segunda metade a coisa começou a andar e nos três últimos capítulos foi como se a autora simplesmente fizesse tudo acontecer porque precisava acabar logo. Simplesmente me pergunto qual terá sido o problema.

Mas não há apenas críticas. Como mencionei anteriormente, a trama continua instigante e impecável. Bem como o desenvolvimento dos personagens. Ver Alexia desenvolvendo (ou a menos tentando desenvolver) seus instintos maternos foi algo de várias facetas, do bonito ao engraçado já que ela ficou chamando o filho de “bebê inconveniente”. Lyall deu o que falar tendo que tomar frente à várias situações enquanto Conall se encontrava num estado constante – e cômico – de embriaguez. Até Ivy surpreendeu mostrando que não é tão boba quanto parece. Lorde Akeldama dessa vez esteve fora de cena por boa parte do tempo, mas claro que quando apareceu tomou conta de tudo e ainda veio com a grande resposta. Madame Lefoux continua intrigando com seus hábitos e maravilhado com suas invenções. Mas devo dizer que um desenvolvimento realmente notável veio por parte de Floot, o sempre fiel – e misterioso – mordomo mostrou que é para Alexia o que Alfred é para Bruce Wayne.

Os elementos marcantes como a bem sucedida mistura de lendas sobrenaturais com fatos históricos continuam sendo bem explorados. Achei instigante a forma como Carriger inseriu os Templários e menções ao antigo Império Romano. Chegando a render momentos e comentários engraçados. Sem falar das grandes invenções tecnológicas que são marca registrada do estilo steampunk. Tudo isso fez valer a pena.

Em suma, Inocência? é um livro que tinha tudo para superar seus antecessores. E no que diz respeito à trama realmente o fez. Mas pecou pelos excessos em sua narrativa. Continuo adorando a série e irei seguir com ela até seu fim por ter me apegado aos personagens, mas confesso que já não irei com tanta sede ao pote. O quarto volume de O Protetorado da Sombrinha, Heartless (ainda sem título no Brasil) deve chegar ao país em meados do próximo ano.

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