sexta-feira, 9 de maio de 2014

O Caçador – Primeiras impressões


Uma caça pela verdade.

Depois de uma semana de viagem e mais uma semana e meia tentando colocar as coisas (séries+leitura+textos) em dia finalmente consegui conferir a nova série de Cauã Reymond, que dessa vez é série mesmo e não minissérie. E com esse meu atraso escrevo o post após assistir os dois primeiros episódios, ao invés de apenas o piloto como geralmente faço. Enfim, vamos lá.

André Câmara (Reymond) acaba de sair da prisão após cumprir uma pena de três anos por um crime que não cometeu. O pior é saber que o verdadeiro culpado é seu pai, um homem que admirava pelo seu caráter e no qual se espelhou inclusive na hora de escolher a carreira policial para seguir. Embora esteja livre agora, André nunca poderá provar sua inocência pois os únicos capazes de prová-la estão mortos. A família não quer contato e ele não pode voltar para a polícia ou mesmo conseguir um emprego. Quem contrataria um ex-presidiário? E as complicações só começam.

Seu ex-Capitão na polícia Lopes (Ailton Graça) mesmo tendo sua carreira prejudicada com a prisão de André e sentido raiva dele por isso não consegue acreditar totalmente na culpa dele. E é ele quem fornece a André um trabalho para se manter enquanto procura pela verdade. A polícia não consegue lidar com todos os casos de desaparecidos, então alguém tem que executar essa tarefa por fora do radar. Um caçador de recompensas como define o próprio André. E é isso que ele fará.

O Caçador tem alguns aspectos de conhecidas séries americanas. Como o respeitável e honesto pai de família que após descobrir um câncer terminal adota uma conduta ruim, como o Walter de Breaking Bad. Ou o fato de pai e filhos seguirem carreira policial, como em Blue Bloods. Mas senti mesmo foi muita coisa de Prison Break, como o cara inocente preso por algo relacionado ao pai e com um irmão mais bem sucedido que pelo menos a princípio não acredita em sua inocência. Ah, e claro, querem ele morto. Mas você não fica com o sentimento de cópia ruim, apenas de aspectos sabiamente emprestados e adaptados para seu próprio enredo.


O elenco é muito bom. Além de Cauã e Ailton temos Alejandro Claveux como Alexandre, Delegado e irmão de André. As cenas dos dois juntos são um show à parte, pois além das ótimas atuações os personagens tem personalidades muito fortes. No piloto temos a participação de Jackson Antunes como pai de André, e Milton Golçavez no papel de um senhor que ele encontra no ponto de ônibus e começa a contar sua história à la Forrest Gump. Não gosto muito da Cléo Pires, mas como a esposa de Alexandre que tem uma paixão nada secreta por André até que não está ruim. Nanda Costa também deve entrar nos próximos episódios como Marinalva, a única ainda capaz de limpar a reputação de André.

Apesar da estreia não ser extremamente fascinante achei bastante razoável e muito melhor que a da recém encerrada minissérie A Teia. Algumas coisinhas podem ser adaptadas mas nada que precise ser tirado. Apesar de algumas situações parecerem meio forçadas nada pareceu superficial ou supérfluo. Gostei das cenas de ação e como as peças da trama se encaixam. Gostei até da sessão de vudu onde André teve que ir para obter pistas de seu primeiro caso e acabou recebendo um pedido de perdão e um recado do espírito de seu pai. Nada é em vão.

A abertura é que não tem muito a ver. Ok, tem um tubarão, o tubarão é um grande caçador e etc. Mas me parece uma analogia meio pobre. Colocar O Patrão Nosso de Cada Dia do Secos e Molhados como tema musical no entanto foi perfeito. A cena de introdução da série com um monólogo de André também foi um grande acerto. A frase “será que sou um caçador que não sabe pra onde a mira está apontando?” resume muito bem o personagem.

O Caçador pode não ser uma série perfeita, ou pelo menos não ter começado perfeita. Mas tem bastante potencial e um enredo que só tem a crescer. Resta saber se a trama terá assunto para dar continuidade a mais de uma temporada.

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