terça-feira, 11 de março de 2014

[Resenha] Psicose

Título: Psicose (Limited Edition)
Autor: Robert Bloch
Edição: 1/2013
Editora: DarkSide Books
Páginas: 256

Sinopse: Livro que deu origem ao mais famoso filme de suspense de todos os tempos. Psicose conta a história de Marion Crane, que foge após roubar o dinheiro que foi confiado a ela depositar num banco. Ela então vai parar no Bates Motel, cujo proprietário é Norman Bates, um homem atormentado por sua mãe controladora. Belo suspense, de tirar o fôlego!







Comentários:

Pra começar sendo sincera, nunca gostei de histórias de terror. Sou do tipo de pessoa que detesta sentir medo, odeio a adrenalina que o medo causa. Simplesmente não combina com a minha asma. Com isso, passei anos sem sequer cogitar a hipótese de ver ou ler Psicose. Mas de uns tempos pra cá passei a perceber que adoro thrillers psicológicos, e é exatamente aí que essa obra se encaixa. Embora admito que o que mais me impulsionou a ler o livro foi a série Bates Motel.

Norman Bates é um quarentão solteiro e esquisito que mora com sua mãe Norma, com quem tem uma relação bastante doentia. Os dois dirigem um velho motel na beira da antiga rodovia de Fairville que leva o nome da família, o Bates Motel. Tudo corria normalmente (ou pelo menos o mais próximo do normal que a vida de Norman pudesse ir) até que a jovem Mary, uma mulher que acabar de roubar quarenta e quatro mil dólares do chefe, pega a estrada errada e acaba se hospedando no motel. Esse é o primeiro acontecimento de uma semana que mudaria drasticamente a vida de Norman, da irmã e do noivo de Mary, Lila e Sam.

É praticamente impossível falar do enredo sem soltar spoilers, por isso não o farei. Antes de ler o livro acabei descobrindo uma peça-chave muito importante da história ao ler uma matéria sobre a série, mas mesmo que não tivesse lido provavelmente acabaria deduzindo por causa de um elemento demostrado na série. (Não se preocupem, omiti a informação na descrição do enredo.) Ainda assim, devo dizer que me surpreendi bastante com o desenrolar e desfecho da trama. O livro tem um ritmo frenético e uma narração tão viciante que eu virava página atrás de página em um desespero sem tamanho pra saber como tudo acabava.

Psicose pode ser um dos filmes de terror mais aclamados da história, mas pelo menos o livro acho que está mais pro suspense. Daqueles suspenses que não te deixam sossegar enquanto não chegar na última página. E as questões psicológicas são bem abordadas, chegando a ter uma explicação do distúrbio abordado no final. Por eu ter lido a tal matéria e assistir a série sábia qual questão era, mas isso não atrapalhou a leitura. Pelo contrário, por saber previamente do que se tratava pude analisar os fatos por duas perspectivas. Como eu não posso explicar, mas talvez você descubra se ler. Alias, creio que uma boa sugestão seria ler duas vezes, uma pra ter a surpresa da descoberta e outra pra analisar sobre uma nova perspectiva.

Apesar de Psicose ter sido escrito em 1959, em momento algum a trama soa datada. Na verdade parece até bastante contemporâneo, e apenas algumas questões de comportamento fazem você perceber que se trata de algumas décadas passadas. A linguagem é bem simples e de fácil compreensão, fazendo com que você entenda na hora e faça só poucas pequenas pausas pra se recuperar do choque. Se eu tivesse que resumir em uma palavra, seria impressionante. O único erro que encontrei diz respeito ao dinheiro que Mary roubou. No livro menciona quarenta mil dólares, mas valor do imóvel que seu chefe estava negociando era de trinta e seis mil mais oito mil em taxas. Matemática básica: 36 + 8 = 44. Se o erro foi do autor, da tradução pro português, dessa edição em específico ou apenas um arredondamento eu não sei. Mas quatro mil dólares não me parece uma quantidade que se arredonde simplesmente. De qualquer forma, não atrapalha em nada a trama.

Queria ter lido Psicose antes de ver Bates Motel, mas, como o livro não tinha edições no Brasil desde 1964 e essa só saiu em meados do ano passado, não deu. Por outro lado, gostei tanto da série (que comecei a assistir apenas por causa do Nestor Carbonell e por ter Carlton Cuse como produtor) que tive receio de começar a odiá-la por ver diferenças demais. Só que comecei a gostar ainda mais da série. Claro que há diferenças, mas elas se fazem totalmente justificáveis visando a longevidade da produção. Bates Motel é um prelúdio de Psicose, o que dá uma liberdade a mais aos produtores e roteiristas. Na série, Norman é um jovem em idade escolar interpretado por Freddie Highmore que começa a dar os primeiros sinais de seus distúrbios. Aliás, eu já achava que Freddie estava arrasando na atuação, mas ao ler o livro vi que não podiam ter escolhido ninguém melhor para viver a adolescência de Norman Bates. E alterações como o fato do pai de Norman ter morrido ao invés de fugido e o acréscimo do irmão Dylan representaram ganhos para a produção. Não farei mais comparações pra evitar spoilers de original e adaptações, mas, se quiserem, posso tentar fazer um post sobre isso.

Voltando ao livro, atualmente no Brasil temos duas edições de Psicose lançadas pela editora DarkSide Books: uma em brochura e uma edição limitada em capa dura. Comprei a edição limitada na Black Friday porque achei que merecia, e realmente foi uma ótima aquisição. A editora fez um ótimo trabalho no designe do livro. A diagramação é perfeita e as letras são grandes e confortáveis. O interior é vermelho e contém fotos do filme. A capa além de simples e bonita é emborrachada (com um toque aveludado) com o título envernizado. É tão bom tocar na capa que simplesmente dá vontade de ficar segurando o livro por segurar. [Risos] E vem junto um marcador/placa de porta do Bates Motel escrito “Não perturbe, estou lendo”. E plastificado! Se amei? Imagine!

Ainda não vi o filme de Alfred Hitchcock, mas agora pretendo fazer isso o mais breve possível. Soube que na época em que comprou os direitos de Psicose, Hitchcock comprou todos os exemplares do livro disponíveis para que o mínimo possível de pessoas soubesse o final da história. Isso somado à declaração dele de que “o livro de Robert Bloch é seu filme”, mas faz acreditar que seja uma adaptação bem fiel. Mas isso ainda vou averiguar.

Pra encerrar, digo que Psicose é um excelente livro com uma trama que faz jus a toda reputação que lhe foi atribuída ao longo dos anos. É muito mais do que uma mulher sendo assassinada no chuveiro, como muitos podem pensar por conta da cena que virou um clássico à parte. É uma trama concisa, inspirada em um caso real, com personagens convincentes e que vai mexer com a sua cabeça.

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