sábado, 21 de dezembro de 2013

[Resenha] A Menina que Roubava Livros

Título: A Menina que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak
Edição: 2/2010
Editora: Intrínseca
Páginas: 480

Sinopse: A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.

Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.

A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.


Comentários:

Essa é a segunda vez que leio a história de Liesel Meminger, a menina que roubava livros. A primeira foi há pouco mais de cinco anos, e mesmo com meus míseros 15 anos de idade o enredo mexeu profundamente comigo. Já fazia um bom tempo que pretendia reler o livro, e com a data de estreia do filme tão próxima, este se mostrou um momento oportuno para fazê-lo. Agora, com meus 21 anos, sinto que tive uma compreensão e aproveitamento ainda maiores do enredo. Seja por estar mais madura ou simplesmente pelo fato de estar lendo pela segunda vez.

Essa história tem uma narradora um tanto peculiar, a Morte. Esta que hora desempenha seu papel de mera observadora, hora como personagem ativa. Pois como ela mesma diz, a guerra foi um dos momentos em que mais trabalhou. E sua longa existência de trabalho ininterrupto teve apenas as histórias dos humanos (e as cores) para se distrair. Algumas lhe marcaram mais, e foi a de Liesel que resolveu nos contar. A menina cujo caminho cruzou algumas vezes, e que graças ao amor e às palavras encontrou forças para sobreviver. E quando a morte conta uma história, você deve sentar para ouvir.

Tudo começa na Alemanha em 1939, início da II Guerra Mundial. A pequena Liesel, então com nove anos, está prestes a ser deixada pela mãe para viver com pais adotivos. Seriam ela e o irmão, mas o menino não resiste e morre no meio de uma longa viagem de trem. No enterro dele, um coveiro aprendiz deixa cair seu exemplar de O Manual do Coveiro. Liesel não resiste aquele pequeno livro preto no meio da neve e o toma como lembrança daquele momento, a única lembrança material de seu irmãozinho. Aquele seria apenas o primeiro livro que a menina furtaria.

Liesel então passa a viver em Molching, uma cidadezinha perto de Munique, com os pais de criação Hans e Rosa Hubermann. Hans é um doce desde o primeiro momento, Rosa nem tanto. É Hans quem ajuda Liesel a superar as mudanças, acalmando-a de seus pesadelos e ensinando-a a ler. Quem também ajuda muito Liesel a se adequar à nova vida é Rudy Steiner, um garoto vizinho que tem sua idade e vive lhe pedindo um beijo.

Sei que para aqueles que nunca leram A Menina que Roubava Livros pode parecer estranha e mórbida a premissa de uma história contada pela morte. Mas Zusak é um escritor extremamente talentoso e que fez um trabalho primoroso e divino no livro. Fez da morte uma personagem doce e carinhosa, capaz de ver a beleza perdida em meio a destruição. Mas que não deixa de ficar assombrada com os humanos.

Houve momentos em que devorei páginas e mais páginas, e momentos em que foi necessária uma pausa para respirar fundo antes de seguir adiante. Pois existem aqueles momentos doces, momentos tensos e momentos que testam suas emoções. Todos eles são perfeitos e bem contados. Posso até dizer que são um teste, pois a forma como você reagirá a eles dirá que tipo de pessoa você é.

Essa é uma história sobre o poder das palavras, como ele pode ser libertador ou devastador. Sobre como os humanos podem ser capazes de coisas terríveis e ainda merecedores de amor. Uma história sobre cores e nuances. Uma história que ao mesmo tempo é muitas delas. Uma história que certamente te mudará, pois não há ninguém nesse mundo ou em outro que voltou a ser o mesmo depois de conhecer Liesel e saber como ela descobriu o poder transformador das palavras.


Aqui está ela. Uma dentre um punhado.
A menina que roubava livros.
Se quiser, venha comigo. Vou lhe contar uma história.
Vou lhe me mostrar uma coisa.
Pág. 19

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