quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Vida e obra: Janis Joplin



A eterna Little Girl Blue...

Manifestações socioculturais, feminismo, contracultura e Guerra Fria são algumas expressões que podem descrever o cenário dos anos 1960. Fortemente influenciada pela década anterior, a década de 60 esteve inserida num contexto de caos constante – devido aos conflitos e revoluções – e de paradoxos, visto que a sociedade caminhava sobre a linha tênue e dolorosa, existente entre a paz e a guerra; entre a esperança e a desesperança.
Questões como essas impulsionaram a produção artística e propiciaram o surgimento de grandes nomes da música no âmbito nacional e internacional; artistas que transcenderam sua época e consagraram-se mundialmente.
Janis Joplin foi um destes. Tendo nascido e crescido na pequena e pacata cidade industrial texana, Port Arthur, Estados Unidos, ninguém jamais imaginaria que dali surgiria a cantora que mais tarde seria considerada a Rainha do Rock and Roll.
Janis, que nunca se encaixou nos padrões da sociedade – tanto em termos de beleza quanto de comportamento – teve uma infância comum, apesar de sempre ter se sentido deslocada e, outrora relatou sua mãe, carente de atenção. Fora uma criança feliz, mas, segundo disse a própria cantora: “Depois o mundo inteiro desabou. E desabou sobre mim”.
Já na fase inicial de sua adolescência, Janis começou a distanciar-se dos amigos de escola por possuir opiniões contrárias ao que exigia o tradicionalismo de Port Arthur. Por exemplo, ela se posicionou a favor da integração racial, ideia cada vez mais difundida na época entre as grandes cidades americanas, como São Francisco, mas que não condizia com o pensamento da cidade texana.
Questões como essa também aliada à falta de beleza e ao excesso de peso, fizeram com que Janis adotasse um comportamento considerado inaceitável, além de vestir-se com desmazelo, o que culminou com seu envolvimento com pessoas de caráter duvidoso. Tornou-se ainda mais detestada e nunca se sentira tão deslocada.
Em seu último ano de colégio, Janis começou a trabalhar e frequentava um café, onde descobriu que podia cantar. Nos anos iniciais da década de 60, ela iniciou o ensino superior; visitou Los Angeles pela primeira vez, tendo contato com um mundo oposto ao que conhecia; dedicou-se mais intensamente à música, passando a cantar em público; envolveu-se ainda mais com drogas e bebidas. Mas foi quando recebeu o título de Homem Mais Feio do Campus, que Janis decidiu partir e tentar uma nova vida em São Francisco.
Na Califórnia, Janis continuou a cultivar sua rebeldia e trabalhou como cantora, além de se afundar ainda mais no universo das drogas, passando a usar heroína. Em 1966, conheceu o grupo Big Brother & The Holding Company, com quem gravou um álbum em 1967.

Em 1968, o grupo teve destaque ao participar do Festival Pop de Monterey e a incrível versão da música Ball and Chain projetaram Janis para o sucesso, junto ao álbum Cheep Thrills. 

No final do mesmo ano, a cantora despediu-se do Big Brother e formou a banda Kozmic Blues Band. Em 1969, gravaram o álbum I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama! e tocaram no festival Woodstock, ao lado de nomes como Jimi Hendrix, Joe Cocker, Santana, Grateful Dead e Creedence Clearwater Revival.
Janis atingira seu auge.  Em 1970, também deu adeus à Kozmic Blues Band e iniciou uma parceria com a Full Tilt Boogie Band, que a acompanhou em suas últimas apresentações, além de terem gravado as faixas que mais tarde formariam o álbum Pearl, o qual foi lançado postumamente.
No dia 4 de outubro de 1970, Janis Joplin foi encontrada morta em seu quarto de hotel, após sofrer overdose de heroína. Duas das últimas músicas que gravou, foram Happy Trails, um presente de aniversário a John Lennon, e o sucesso Mercedes Benz. 

Aqueles que a conheceram, concordam que a rebeldia que tanto caracterizou Janis era, na verdade, onde ela se escondia de si e do mundo que com ela fora tão cruel; era, na verdade, suas tristezas e frustrações em disfarce. Mas quando cantava tudo isso transparecia. Talvez seja este um dos fatores que permitiram que a música de Janis fosse tão peculiar, tornando-se inesquecível. 

Dica de leitura: Enterrada Viva – A biografia de Janis Joplin. Escrito por Myra Friedman e publicado pela Civilização Brasileira, trata-se de um livro interessante para aqueles que, assim como eu, apreciam a música de Janis e que sejam apaixonados pela década de 60.

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