sexta-feira, 10 de maio de 2013

Campanha polêmica de incentivo a leitura


“Quando você passa tantas horas assistindo à série de TV mais popular da história, não
são apenas os personagens que terminam perdidos”
Realidade ou extremismo?

Foi lançada no mês passado pela Associação de Editores de Madrid uma campanha que visava incentivar a leitura. A campanha em questão possui três imagens de divulgação. Uma delas trás a baleia Moby Dick da obra de Herman Melville encalhada na ilha de Lost. Outra mostra o Pequeno Príncipe baleado no campo de Call Of Duty. Enquanto a última mostra Dom Quixote derrotado por um dos pássaros de Angry Birds ao pé de um moinho. O objetivo é mostrar que as pessoas, principalmente jovens, estão passando muito tempo assistindo séries de TV e/ou jogando vídeo games e deixando de ler.

“Quando você gasta tanto tempo jogando videogames de guerra, não são só seus
inimigos que você liquida”

Mas será que ainda tem cabimento dizer algo assim? Até onde eu sei, dizem que os livros estariam com os dias contados desde a invenção do rádio. Surgiu o cinema, a TV, o vídeo game, o celular, o computador doméstico... E os livros continuam aí para o nosso deleite. Verdade sim que a nova geração prefere se divertir com joguinhos em smartphones e tablets ao invés de ler um livro ou até um gibi mesmo. Isso por muitas vezes se deve a falta de incentivo dentro de casa. É muito mais “cômodo” para os pais deixar uma criança ou pré-adolescente brincando por horas no iPad do que sentar ao lado e ler um livro junto.

Contudo, como seriadora que sou, o que me doeu foi ver Lost mostrada como assassina do hábito da leitura. Falaram de séries de TV em geral, mas usar justo Lost como exemplo? Durante suas seis temporadas a série apresentou dezenas de referências literárias mescladas ao enredo. Quem já tinha lido o livro sabia porque ele estava ali, e quem não tinha ia a procura dele pois sabia que poderia ter alguma pista sobre os mistérios ou ajudaria a entender melhor algo. Inclusive no box da 3ª temporada há uma parte dos bônus dedicada ao livros que aparecem na série, onde os produtores e o elenco falam sobre a importância dos livros como um todo. Com isso, acho que é válido dizer que Lost incentivava a leitura. E muitas séries usam desse mesmo artifício.

“Quando você passa tantas horas jogando um joguinho no seu celular, nem tudo
o que você destrói lhe rende pontos”

E apesar de não ser uma jogadora assídua – na verdade não o faço por ter uma forte tendência ao vício – não acredito nesse esteriótipo de que fãs de games tenham preguiça de ler. Verdade que os e-books tornaram os livros mais acessíveis. Mas entre jogar ou ler em um smartphone/tablet até eu preferiria jogar, já que ler em uma tela é algo totalmente cansativo. Além do mais, algumas sagas literárias como Harry Potter e O Senhor do Anéis ganharam jogos baseados em suas narrativas. Prova de que games e livros não são inimigos mortais, e que podem até ser aliados.

Mas cada um é cada um. Eu adoro séries de TV mas também adoro um bom livro. Apenas não tenho tanta disponibilidade para ler quanto gostaria. E também precisamos entender e respeitar o fato de que nem todo mundo gosta de ler. Assim como tem tem gente que não gosta de chocolate e café. Ou dos Beatles, dos Rolling Stones... De música em geral. Ou de viver. Mas cada um é cada um, certo? E honestamente, acho que não só o “ler”, “assistir” ou “jogar”. Mas “o que ler”, “o que assistir” e “o que jogar”. Penso que mais vale assistir Fringe ou jogar Zelda do que ler Cinquenta Tons de Cinza, por exemplo.



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